Os EUA espionaram o Exército, a
Marinha e a Força Aérea venezuelana, além da indústria armamentista do país
sul-americano. A revelação foi feita pelo site Wikileaks, fundado pelo
jornalista e ativista australiano Julian Assange. O site vazou mais de cinco
milhões de arquivos da empresa de espionagem norte-americana Stratfor.
Dos milhões de documentos vazados
pelo Wikileaks, cerca de 41.160 são relacionados ao país governado por Hugo
Chávez. Nos documentos há especulações sobre o estado de saúde de Chávez, a
aproximação do país com o Irã, alertas sobre o risco de nacionalização de
empresas privadas, a situação econômica e as Forças Armadas da Venezuela.
Nos telegramas há menção ao envio
de oito arquivos com resumos sobre a situação das Forças Armadas venezuelanas.
As anotações de uma das analistas da empresa norte-americana de espionagem dão
os números dos contingentes militares, dos aviões e outros equipamentos de
guerra, além dos armamentos usados pelas tropas da Venezuela.
“Logo nós mandaremos mais
informações sobre o sumário de como Hugo Chávez renovou o aparato militar e de
segurança nacional da Venezuela durante os últimos anos. Por enquanto tenho
apenas rascunhos e anotações, mas estou impressionada com o “velho Hugo”, diz
Reva Bhalla, responsável pela análise sobre as Forças Armadas da Venezuela. A
modernização da máquina de guerra venezuelana atraiu a preocupação dos países
vizinhos, principalmente da Colômbia, pontua a analista.
Segundo os documentos enviados
pela analista, “a maioria dos equipamentos militares da Venezuela é dos anos
1980 e 1990 e ainda está em bom estado de funcionamento, apesar da dificuldade
de encontrar peças de manutenção”. Também são mencionados “a troca de alguns
oficiais do alto comando por outros mais jovens alinhados com Chávez” além do
“aumento de 30% nos salários dos militares em 2007 para elevar o moral das
tropas”.
“A reformulação do Exército vai
além da procura e compra de armas de assalto e compreende uma nova doutrina
militar. Entre os novos conceitos das Forças Armadas venezuelanas estão a noção
de guerra assimétrica e a confiança na infraestrutura de comunicação e de
suprimentos para resistir a uma possível invasão norte-americana”, prossegue a
analista.
Outros sete documentos dão
detalhes sobre a Força Aérea (com destaque para a compra de caças e
helicópteros da Rússia), Marinha, indústria militar, orçamento de defesa e
estrutura e contingente das Forças Armadas da Venezuela. Segundo os documentos,
a Venezuela tem cerca de 163 mil militares na ativa e mais 110 mil na reserva.
Para a analista da Stratfor, “a
troca de fornecedores americanos e europeus por fabricantes russos e chineses
irá demandar treinamento dos pilotos venezuelanos para conseguir adaptação aos
novos equipamentos”. No entanto, a empresa considera a Marinha venezuelana com
bastante capacidade de se adaptar às mudanças exigidas pelo governo em relação
a possíveis ameaças ao país.
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