Marcos Valério se isola após se dispor a fazer revelações que atingiriam Lula, considerado o "operador" do esquema , Valério diz estar com medo de se tornar "arquivo morto"
Agência Estado
Publicação: 01/11/2012 15:09
Marcos Valério Fernandes de Souza vive com medo, teme se tornar
"arquivo morto", dizem as poucas pessoas ainda próximas do empresário
condenado a 40 anos de prisão no julgamento do mensalão. Desde que
entrou no Supremo Tribunal Federal com um pedido de delação premiada -
quando o réu oferece mais informações sobre crimes em troca de
benefícios -, o “homem-bomba” que promete levar à Justiça novas
revelações sobre o escândalo capazes de atingir o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva raramente deixa o flat para onde se mudou sozinho
há pouco mais de um mês. Quando o faz, usa um carro blindado. Também
passou a ser acompanhado por um segurança, assim como a sua mulher,
Renilda Santiago.
A informação de que teria se separado dela
por desentendimento entre o casal foi um blefe. Valério deixou a casa
para preservar a família, afastando-se da mulher e dos dois filhos,
confirmam os poucos amigos com quem ele ainda mantém contato. Segundo um
deles, o empresário procurou um psiquiatra e vive à base de
antidepressivos.
Embora com menos frequência, ele ainda vai ao
escritório, em um prédio comercial no centro de Belo Horizonte. Para seu
Toyota Hilux SW4 modelo 2012 na garagem e de lá não sai. Luciano, um
funcionário faz-tudo, vai buscar o almoço do chefe nas proximidades. A
última vez que Valério foi visto em público nas redondezas foi há cerca
de um mês, em um tradicional restaurante de comida mineira que costumava
frequentar, o Dona Lucinha. Estava com o filho. Ao sair do local, ouviu
de um homem do outro lado da calçada: “Ladrão, filho da p...”.
Cabisbaixo, apressou o passo com o menino e não mais voltou.
Desde
o início de outubro, ele deixou de levar o caçula de 11 anos à escola
como fazia. Em parte, por segurança. Em parte, por ser alvo de olhares
condenatórios e xingamentos. Com o início do julgamento do mensalão que
levou seu nome novamente às manchetes dos jornais, o menino passou a
sofrer bullying de colegas.
Estudante de psicologia, a filha mais
velha de Valério estaria enfrentando algo parecido. Um dia desses,
deixou a aula de Ética I quando o professor anunciou que o tema seria o
próprio pai.
Renilda vive com os filhos em duas casas coladas uma
à outra no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte. Uma casa de mesmo
padrão vizinha à propriedade, localizada no bairro de Bandeirantes, área
de mansões próxima à Lagoa da Pampulha, está à venda por R$ 2,8
milhões, o mesmo valor da multa que o publicitário terá de pagar à
Justiça para ressarcir os cofres públicos.
A família passa fins
de semana em uma fazenda arrendada por Valério no município de
Caetanópolis. Mesmo com os bens bloqueados, vivem uma vida luxuosa. Além
do citado, o empresário possui ainda um Mitsubishi Pajero e um
Mitsubishi Outlander, ambos 2011.
Seu advogado, Marcelo Leonardo,
um dos mais renomados e caros criminalistas do País, não explica como o
cliente mantém o padrão de vida apesar de ter os bens bloqueados ou
para quem trabalha no escritório que mantém com Rogério Tolentino,
também réu no mensalão. Procurado, Tolentino respondeu, nervoso, que não
falaria. Leonardo diz que espera reduzir a pena de Valério calculada em
40 anos na dosimetria “à metade, pelo menos” e afirma ter entregue o
passaporte do cliente à Justiça em 2005. Sobre a delação premiada,
afirma repetidamente não ter “nada a declarar”.
O superintendente
da Polícia Federal em Belo Horizonte, Sergio Barbosa Menezes, disse que
ainda não recebeu ordem da Justiça para eventual proteção de Marcos
Valério (isso é hilário, não - acho que querem matar o Valério).
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