É preciso coragem para reconhecer que o povo não está nem aí para a reforma política. Proibir coligações partidárias, reduzir o número de partidos, votar para deputado em listas preparadas pelos partidos, acabar com os suplentes de senador, estabelecer o voto distrital, determinar o financiamento público das campanhas – essas e outras alterações na legislação podem interessar às elites, mesmo assim de forma parcial. O povão, quer dizer, o trabalhador, o estudante, o baixo assalariado, não se interessam por esses detalhes. Talvez nem os jovens que vem saindo às ruas para protestar, porque eles protestam por valores muito mais concretos: o funcionamento dos serviços públicos, dos hospitais, das escolas e universidades, o preço das passagens nos transportes coletivos, a necessidade de se acabar com a corrupção, a importância de botar os corruptos na cadeia, a abertura de novos empregos, a contenção do custo de vida e demais reivindicações ligadas ao dia-a-dia de cada um.
Levanta-se uma espécie de cortina-de-fumaça manipulada pelas elites, a começar pela presidente Dilma, o Congresso e os meios de comunicação, como se a reforma política se encontrasse em pé de igualdade com as carências que tem levado multidões a quebrar a rotina de vida no país inteiro. Muito mais importante, para elas, foi a redução das tarifas de ônibus e metrôs, como tem sido as promessas de melhoria da prestação de serviços nos hospitais, escolas públicas, rodoviárias e aeroportos. Claro que também fundamental para o grito de revolta nacional inclui os gastos com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Mas reforma política?... Autor: Carlos Chagas
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