segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um espectro à procura da bola


JOSÉ MIGUEL WISNIK
Já às vésperas, pode-se dizer, da Copa das Confederações, a realizar-se em junho de 2013, e tendo no horizonte a Copa do Mundo de 2014, o futebol brasileiro vê-se rebaixado, hoje, à condição de espectro, isto é, de um fantasma à procura de si mesmo. Tendo regido o cenário internacional durante décadas, desde que esse esporte ganhou a cena como fenômeno televisivo, coroando o império de Pelé, o futebol brasileiro está, nos últimos anos, posto para escanteio no complexo futebolístico mundial.
Diferentes ou não, Felipão e Parreira perpetuam uma linhagem de técnicos arredios ao experimento - Gal Oppido
Gal Oppido
Diferentes ou não, Felipão e Parreira perpetuam uma linhagem de técnicos arredios ao experimento
No ranking da Fifa - seja lá o que isso signifique como critério - o Brasil não perdeu só a primeira posição que lhe parecia inerente, mas despencou da faixa dos top ten, ocupando um décimo oitavo lugar atrás de forças medianas como Grécia, Croácia, Suíça, Equador e Costa do Marfim. Os craques brasileiros, que dominaram as eleições do Número Um do mundo, sumiram das listas, depois de um período em que Romário, Ronaldo, Rivaldo, Kaká e Ronaldo Gaúcho acumularam, só eles, quase tantas premiações quanto as de todas as outras seleções juntas. Nenhum jogador brasileiro é, hoje, protagonista em alguma grande equipe europeia. A glorificação frenética de Neymar, justificada pela excepcionalidade do jogador, disfarça uma ansiedade compensatória de fundo: ela esconde a falta de um patamar de jogo que o acompanhe.

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